Qualquer uma – Paulo Moacir Ferreira Bambil

Quando me pedes qualquer uma;
Fico sem jeito, na platéia.
Parece que me falta a idéia;
Teima, mas logo se apruma.
O canto da boca espuma,
Nas porfias deste poeta.
Porém, desejo atingir a meta;
Ao te recitar qualquer uma!

Qualquer uma é uma pena!
Afogo as mágoas num trago;
Deixo de exaltar o meu pago;
Pra prenda séria ou ventena,
De pele branca ou morena;
Não há propósito, rumo, enfim…
Porque, qualquer uma é assim,
Nestas querências terrena.

Qualquer uma, na payada,
Faz do poeta – O poetastro,
E ao perseguir a rima no rastro,
às vezes a letra é quebrada,
nas rodilhas de uma armada;
Ouço as críticas e comentários,
desses casamentos imaginários.
O pior, é a pulha da gurizada.

Qualquer uma flor de adorno,
Desrespeita à toda Prenda,
É um afronte, me entenda!
A cabeça aquece, vira forno,
Propiciando a dor de corno;
Como cerveja quente no bar,
A espera, de o incauto tomar.
Ninguém merece o transtorno.

Qualquer uma é derradeira;
Nas peleias sem solução,
Por isso, te peço perdão,
Se eu levei na brincadeira.
E por ter a resposta ligeira,
Fiz os versos de improviso,
Não gostou? Dê um sorriso;
Ou continue de cara feia.

Eu quero paz, não quero guerra,
E rogo a todos vós, fortuna,
Não merecem qualquer uma.
Pois, deste peito xucro que berra!
Brotam os versos da terra.
E que DEUS, o dono da existência,
Abençoe as nossas querências.
Espero ter saído da encerra!

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Olá, mundo!

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O MTG EM POESIA NO PLANATO CENTRAL

ASSIM NASCE O MTG NO PLANALTO CENTRAL

Paulo Moacir Ferreira Bambil

 

Os primeiros entendimentos

Que os CTGs encontraram

Foi em 90 como lembraram

Os peões que residiam aqui

Onde o Querência de Buritis

Com os seus departamentos

E a Querência de Formosa

Entre versos danças e prosas

Apoiara-se em seus Posteiros

Do Movimento foram pioneiros!

 

Nesse primeiro tiro no embate

Ficou acertado entre o Patrão

Com um baile inaugurar o salão

Na cidade de Formosa do Goiás

Convidando patrões e capataz

Para reunir sem combate

Num chasquezito magistral

Intimados CTGs do Planalto Central

Reunidos nesta empreitada

A semente aqui estava plantada!

 

Aos trinta dias de novembro

Em mil novecentos e noventa e um

Nova Querência de Buritis foi o boom

Na seriedade que o assunto trata

Foi escrita do planalto a 1ª Ata

Esse é o prógono que me lembro

Mudando o rumo da banda

Fizemos-nos representar na Holanda

Sendo a Estância Gaúcha do Planalto

A eleita nossa tradição deu um salto!

 

Em sete de março de noventa e dois

Costurou-se com grande galhardia

Os primórdios da coordenadoria

Esse evento com cunho nativista

Uniria as invernadas tradicionalista

Ainda bem o melhor veio depois

Sendo aceito sem abstinência

Que o eleito teria a competência

Caberiam a ele todas as decisões

Dos Posteiros aos Patrões!

 

O primeiro fandango integrado

Foi trinta de maio em Formosa

No Goiás cidade mimosa

São idéias que se movem

1º baile da Prenda Jovem

Coordenador bem ratificado

Dezessete de outubro desse ano

Todos esses qüeras soberanos

Patrões Artística e a Campeira

Fizeram os elos da esteira!

 

Houve tantos outros eventos

Mas em 26 de novembro de 94

Há que registrar o fato

Pois foi um ícone pra Tradição

Nesse dia fundou-se a Federação

A qual carregaria nos tentos

Regendo com partitura formal

Todos os CTGs do Planalto Central

Passando Estatutos e Portarias

À todas as coordenadorias!

 

Adotado de forma simples

Em julho de noventa e seis

Ainda como hoje conheceis

A Carta de Princípios do Movimento

De Glaucus Saraiva o documento

Código de Ética nos trinques

Que pra nós foi um achado

Autoria de Praxedes da Silva Machado

Traje alternativo da Prenda do coração

De Dinara Xavier da Paixão!

 

Aqui também já foi sede

De Rodeio do 10º FENART

Ao final julho fizemos nossa parte

À CBTG oferecemos conforto

Camperiada na Granja do Torto

Dois mil e um o ano que sucede

Ficando com jeitão meio rude

Mas esperamos que não mude

No Planalto o Movimento dos Gaúchos

Contando a História desprovida de luxo!

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VIGILÂNCIA SANITÁRIA EM POESIA

FEBRE AMARELA

Paulo Moacir Ferreira Bambil

 

Se tu achas que o macaco

Não tem nada a ver contigo

Então qual é o castigo

Que nos deu nosso Patrão?

Estou vendo todo peão

Já com o pala em farrapo

Correndo a campo fora

Sem as rosetas da espora

Perturbado ao ver o mato

E o garrão fica um trapo.

 

E o motivo é conhecido

Com medo de um mosquito

Carrega febre o maldito

Pra ninguém ele dá trela

Produtor de febre amarela

E os gaudérios desprevenidos

Que não tomaram a vacina

Estão de orelha em cima

Com o sorriso contido

A chinoca olha o marido.

 

Já morreu uns quatro ou cinco

Lá pras bandas do planalto

Tchê! E não foi por assalto

Ou por doença de mulher

E não é porqueira qualquer

Eu te digo com afinco

Sem medo de estar errado

O povo está desconfiado

Encolhendo até os pintos

E dessa coisa eu não brinco.

 

Formam bichas gigantescas

Nas portas de todo Posto

Causando muitos desgostos

Ao caudilho metido a sebo

Pois eles estão com medo

Porque também não são bestas

Procuram em todos costados

Meios de serem vacinados

Com cenas até grotescas

Sem gritos de alas-frescas

 

Tu precisas ver o desespero

No sentido da semelhança

Será que somos herança

De algum orangotango

Cruzado ao fim do fandango

Quem será nasceu primeiro?

Será que foi o macaco ou nós?

Perguntei aos meus avós

Sobre este entrevero

Sem resposta por inteiro.

 

Acredito que a ciência

Possa me dar a resposta

Por hora quem não gosta

É minha santa mãezinha

Outro dia a pobrezinha

Com toda sua experiência

Não soube explicar ao filho

Estória de macaco e caudilho

Acabou a sua paciência

Teve que pedir clemência.

 

Deste modo peguei valente

Choramingando nos cantos

Me bombeando com espanto

Questionando o assunto

Neste barco estamos juntos

Sem poder ficar doentes

E já tem índio de coragem

Pensando outras bobagens

Formando uma corrente

Plantando estas sementes.

 

Nunca vi um mosquitinho

Pegar macaco e a indiada

Dar somente uma picada

E matar de febre amarela

Os gordos e os magrelos

Mesmo junto ou sozinho

O jeito é nós não vacilar

Indo ao Posto se vacinar

Vai doer só um pouquinho

Ou perderás pro malhadinho.

 

Até dez anos fica tranqüilo

Depois tem que tomar reforço

Para não carregar no dorso

O pernilongo da dengue

Voltando a novo perrengue

Pensando sempre naquilo

Como vou ser imunizado

Com bicha pra todo lado?

Mais dez dias de cochilo

As recomendações de estilo.

 

Agora tu viste a semelhança

De nosotros e os macacos

Todos os dois somos fracos

Diante do Aedes-Aegipty

Te digo, parceiro, acredite

Não entre de novo na dança

Tanto faz… Velho ou guri

Morre com a febre do sagüi

Te vacine com constância

Leve os peões da tua estância!

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Ore; antes de sair de sua casa

A oração da Vitória

 

Meu Deus no dia de hoje eu preciso da tua mão eu preciso da Tua direção, abençoa o meu dia de trabalho coloca a Tua mão em tudo que eu fizer, abra os meus olhos para que eu veja a solução de todos os meus problemas, abra meus olhos para que eu tenha a direção certa, a direção da vitória para que eu tenha sucesso em tudo que hoje eu fizer. Meu Deus me ajuda, meu Deus me dê forças eu preciso da Tua sabedoria da Tua inspiração, não me deixe errar, não me deixe tropeçar, não me deixe enganar não permita a minha cegueira espiritual, não permita a minha falta de visão, mas peço-te que me abra os olhos para que eu veja a minha vitória, para que eu veja os meus sonhos realizados, porque o Senhor está comigo e é maior que todos os meus problemas.

 

Não temas, porque mais são os que estão conosco do que os que estão com eles. II Rs 6.16

 

Desde já eu te agradeço… Amém.

 

O homem fiel será cumulado de bênçãos…     Pv. 28.20

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A oração da Vitória em Setembro

 

Meu Deus muitos são as minhas lutas, muitos são os meus problemas, tenho passado por momentos difíceis, mas sei que o Senhor é maior, que o Senhor é o Deus dos impossíveis. Meu Deus eu clamo pela minha independência, pela minha liberdade, não me deixe depender do homem, depender de remédios, depender de favores, depender de empréstimos, chega de humilhação, chega de sofrimento, chega de fracassos.

Meu Deus eu confio em ti, na Tua poderosa Mão, pois a Tua Mão não está encolhida, mas sim estendida para a minha vida, O Senhor disse que os humilhados seriam exaltados, e disse que faria Justiça aos Teus escolhidos. Então, exalta a minha vida, faz justiça na minha família, peleja pela minha vitória e traz a minha independência total e completa.

 

Eu confio em Ti e no Teu Poder.

 

Desde já eu te agradeço meu Deus – Amém!

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Poesia para um amigo gaúcho

 

Poesia: Não é Sonho, existe a Estrela Kuhn

Autoria: Paulo Moacir Ferreira Bambil

 

O sonho descrito neste arauto.

Traz o pedigree de Tupaciretã,

E da família de origem Alemã.

São Pedro – Embalou o “Guri”,

Que nasceu à margem do Toropi.

Cantiga de ninar era o minuano…

Assim passaram-se alguns anos;

Veio o trocadilho de sobressalto;

De lá – Prosperou neste Planalto!

 

Gaudério e do queixo roxo,

Nunca se achicou pro destino

Convivendo com outros primos,

Que ganharam novos nortes,

Não tiveram a mesma sorte;

Deste piazinho porqueira;

Que já nasceu com estrela…

Refletida no abismo do poço.

O luminar desta é o endosso!

 

São Pedro do Sul é longe de Iraí

Como era difícil mudar a cidade,

Naquela época. – Em verdade.

Inda mais quando se descobre,

Que vivemos em família pobre.

Temos a plena consciência;

Da luta pela sobrevivência.

E as coisas não param por aí.

Porém, é tarde para desistir!

 

Güéra destemido e peleador.

Aprendeu a lutar de facão,

Sem perder peleia pra peão,

Manuseava também a espada

Mui respeitado pela gurizada.

Conhecido pelas redondezas,

Por sua agilidade e destreza.

Se garantia num destorcedor,

Ginete pacholento e sonhador!

 

E por falar nas gineteadas

Cabe aqui, um parêntese,

Em piá já mirava o oriente;

Embora birrento, casmurro,

Trocou a égua, por um burro,

Bem vistoso, porém, redomão.

O sarapico amansou o burrão.

As paletas; do asno; furadas,

Da espora com roseta travada!

 

Oigale-tê piá, bom de briga.

E foi em uma dessas peleias…

A coisa encrespou, ficou feia;

E diante de tamanho tumulto,

Não se achicou; aos insultos.

Deixou a cara do outro em fatia,

Tendo que se mandar a La cria;

Abandonou tudo. A mãe e o pai.

Serpeando a nado o rio Uruguai!

 

A procura de Palmitos, Caibi, Iporã,

Encontrou Descanso; e Guaraciaba;

São Miguel do Oeste ficou na estrada,

Em São José do Cedro, o céu ta azul,

Palma Sola, e a oeste Guarujá do Sul,

Nessa peregrinação fugidia matreira

Acrescento ainda Dionísio Cerqueira,

E se; a minha memória não me trai…

Trouxe alguns chibos do Paraguai!

 

Cresceu é natural… Virou homem.

Chegada à hora de sentar praça;

Brasileiro não pode negar a raça.

A luminescência da estrela inicia,

Ostentar a verde-oliva era loteria.

E daqueles conscritos designados,

Só dois deles, seriam aproveitados.

No sorteamento, ainda faltava um,

E a escolha foi: – Adão Ernani Kuhn!

 

Assentado no quartel em Santo Ângelo,

Na Companhia Média de Manutenção,

Ponto zero da ascendência do Alemão.

Inscrito no curso de cabo mecânico;

Adoeceu e faltoso; ficou em pânico.

E no hospital em que era paciente,

Foi convidado para o contingente.

Assim daquele curso foi desligado;

Transferido e no Hospital instalado!

 

Ali podia estudar e seguir carreira…

Esquecendo a lenha e a serra fita;

Ser sargento; é sonho que acredita.

Concluiu o curso que pretendia;

Porém, vaga que é bom não havia.

Exímio datilógrafo, sem exagero;

Cambiou-se para o Rio de Janeiro.

Sem dinheiro, vivendo apertado…

Pilas? Só da graduação de Soldado!

 

Esta viagem; foi uma eternidade.

Agrura que se somou com outras;

Aonde comer, e; trocar de roupa,

Ao lado do forno do Maria-Fumaça?

As fagulhas completam a desgraça.

A farda em três dias ficou furada,

E não tinha outra, pra ser trocada.

Percorreu essas léguas num trem;

Chega ao Rio, com poucos Vinténs!

 

Deus, quando escolhe alguém,

Cumpre o propósito, e; é Fiel.

Ao chegar lá no novo Quartel,

Além de esforçado; é sortudo,

Sem nunca parar os estudos;

Vaticinando num dia profético,

Disse: Um dia eu serei médico.

O vestibulando, cumpre a sina,

Passa com louvor; em medicina!

 

Tchê! Esta nova etapa foi dura.

Agora nesta vivência moderna;

Entre a faculdade e a caserna,

Estudar, trabalhar e dar serviço,

E; sem abandonar os cambichos.

Conduziu muito bem estes luxos.

Consolidando a fama do “Gaúcho”.

Pinguanchas? Quase uma por mês;

Até que levou um pealo da “Inez”!

 

O segundo sargento vira médico.

Não queria deixar de ser milico.

Sonhava grande, não era Chico.

Para o Rio Grande queria voltar;

Agora um oficial, médico-militar.

Sustentando ousadias de ginete;

Foi ser tenente, lá no Alegrete.

De inhapa a Prendinha do Pealo;

Foi ajoujada à vida do vassalo!

 

Ernani e Inez; resumos de história.

Que orgulha a qualquer família;

Cidadãos honoríficos em Brasília.

Fiz nos versos um pequeno cenário,

Para te desejar “Feliz Aniversário”.

Teus amigos obtiveram privilégios,

Que não se conquista em colégios.

Tu sim; és “GAÚCHO” literalmente.

Obrigado por ti estar junto à gente!


 

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Poetizando gauchismos

PELEANDO CONTRA O TEMPO        Paulo Moacir Ferreira Bambil

 

Ao candeeiro faltou querosene

Se ao menos sebo tivesse

E quando isso até acontece

Já quebraram as lamparinas

Acenderam velas de parafina

Poluindo bem mais o ambiente

Sangas ainda que perenes

Contaminam as mãos da gente

E antes que alguém me condene

Me dê uma solução diferente!

 

O importante não é a vasilha

E sim o que tem dentro dela

Se tu olhar através da janela

De um galpão abandonado

Sempre existirá um passado

E imaginando uma noite fria

Onde este serviu de abrigo

Sem saber o que ali havia

Certamente o catre antigo

Nesse instante tem serventia!

 

Despojado de toda ciência

Nos resquícios de antanho

Reunindo tropilha e rebanho

Sinto pulsar rude meu pampa

O gaúcho em sua estampa

Pára-rodeio na consciência

Como um monge num retiro

Vira guri sem experiência

E se perde num longo suspiro

Contemplando a querência!

 

Ao arrastar minhas chilenas

Indo em direção ao rancho

De repente me engancho

Numa piola perto do dique

Diz-que é o tal de joystick

Pedi proteção ao Mecenas

Para não perder o enfoque

Passando os dedos na melena

Lembrei-me do meu bodoque

Veja! A evolução me condena!

 

Dentro do casarão tapera

Ainda resiste a cristaleira

Uma mesa de madeira

Meio capenga das pernas

Certeza não são modernas

Porém, a tuia virou quirera

Carcomida pelos cupins

E num sonho de quimera

Índios xirus e os curumins

Espiava o reto virar Portela!

 

Eu não vou me entregar

Não fui parido de susto

Nas tarcas virei augusto

Mas levei uns manotaços

Da picana eu fiz compasso

Batuteando o carretear

Segurei firme a regera

Sentindo o tempo rodar

Madrugo e não vejo a boieira

A tradição começa a agonizar!

 

Estou juntando fragmentos

De um filme de atavismos

Passam atos de heroísmos

Adonde tauras valentes

Série em epopéias ardentes

Sem recuar um só momento

Mantiveram acesa a chama

Peleando através dos tempos

Em cima de suas badanas

Trançando os pensamentos!

 

Não quis amealhar mais nada

Sentindo um aperto no peito

Que fiquei meio sem jeito

E quando volvi para trás

Bueno! Era tarde demais

O pampa todo virou estrada

Não há flexilhas é só concreto

Observo entreveros da peonada

Dos doutores e dos analfabetos

Eu! Desisto dessa empreitada!

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Poetizando costumes do gaúcho

Poesia: Meu nobre lenço Colorado

Autoria: Paulo Moacir Ferreira Bambil

 

Meu nobre lenço encarnado,

De velho já cheira a picumã…

Presente da minha irmã;

Lá nas tarcas de setenta;

Não sei como ainda agüenta,

Tantos janeiros de trabalho,

Com sol, vento chuva e orvalho!

 

Tu pra mim é uma relíquia;

De grande valor sentimental;

Gesto de carinho e amor fraternal.

Por falta das tais patacas;

Comprava as pilchas sem pressa.

Porém, dentro da minha bruaca,

Havia a falta dessa peça.

 

Certa feita ainda frangote,

 Fui convidado para um sarau.

Na Primeira Querência do

Rio Grande; velho São Nicolau.

Para ser par de uma Prenda,

Como eu não tinha o bendito

Provocou-se uma contenda.

 

Comprei o resto da indumentária;

Mais apertado que rato em guampa.

Mas melhorei muito na estampa.

E naquela noite de gala…

Com o trinta cheio de bala,

Ajoujado à Prendinha Laura,

Dos outros… Eu era o mais Taura!

 

O vermelho não é por acaso…

Tão pouco por desacato.

Sou um índio Maragato;

Colorado desde piazinho;

Tapejara, sabedor do caminho.

E pra ficar bem ratificado;

Missioneiro e mal domado!

Tu já estás todo furado…

Do ferro e das cochonilhas;

Mas é um símbolo Farroupilha,

Escolhido com todo critério;

Para proteger este Gaudério;

É quase um amuleto da sorte;

Em peleias, já me livrou da morte!

 

E ao te ver tão desbotado;

Surrado como o Evangelho;

Eu também; fiquei mais velho.

O que se renova; na existência;

É o sedimento de experiências;

Transferida às novas gerações,

Com saudosismos e emoções!

 

Numa carpeta de truco;

Quando alguém envidava;

Nas cartas se misturava;

Sem perder a tua cor;

Pois sempre testemunhava;

A melhor de todas “FLÔR”.

De “espadas”, sim senhor!

 

Meu cusco outro dia;

Do lenço fez travesseiro;

Me bombeando mui faceiro;

Aprumado e no capricho,

Devereda arrumou cambicho,

Com a famosa “cadela baia”

 Oi-ga-le-tê! Isso é “rabo-de-saia”!

 

Ficaria proseando muitas horas…

Meu velho lenço “colorado”.

Só pra relatar nosso passado;

Eis algumas das serventias:

-Turbante; nos cabelos das gurias,

-Lático; tamueiro; fez papel de tento.

Juro! Tu jamais cairás no esquecimento!


 

 

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Poetizando Gauchismos

Poesia: PAC – Programa de Atraso ao Campesino

Autoria: Paulo Moacir Ferreira Bambil

 

Os incautos que se cuidem,

Estamos num beco sem saída;

Jamais teremos a guarida

Do Patrão Velho bondoso

O progresso é mui perigoso

São contratos que iludem

Deixando peões com tristeza

Dá muita alegrias as empresas

Mas no final do deslinde

Só sobra o sangue no ringue!

 

Abichornado no meu canto

Sorvendo o meu mate amargo

De Patrão só tenho o encargo

Tive que despedir a peonada

Pra poder dar bóia à gurizada

Só me restando o acalanto

De minha paciente chinoca

O molejo dela ainda provoca

Como resistirei seu encanto?

Não dá pra ter guri, no entanto!

 

O que será de um xirú pobre

Que tira o sustento da terra?

A evolução está nessa guerra

Contrariando o matuto na roça

Não há mais lugar pra carroça

Ela transportava até os nobres

Ficou esquecida junto ao galpão

Sem animais para fazer a tração

E antes que o aperto redobre

Vou vender os ferros e o cobre!

 

Os cavalos comparsas e amigos

Das domingueiras e carreiradas

Com pêlos e as crinas cuidadas

Sabiam puxar arados e gaiota

Certo dia o progresso idiota

Fazendo calejar mais o castigo

É quase um bridão sem barbela

Foi pra cidade e virou mortadela

No cenário de pindaíba que vivo

Estou pedindo ajuda a mendigos!

 

Os guaipecas tiveram mais sorte

O destino deles foi menos infame

Viraram xodó de alguma madame

Bois? Há muito tempo nem falo

O cochincho que era o meu galo

Estão todos no corredor da morte

E até um frangote, o mais novo

Virou carne pra risoto no povo

A destruição do campo esta forte

Até penso em ganhar outro norte!

 

Ainda o que complica compadre

Minha chinoca não pára as crias

Há pouco me vieram duas gurias

Para se ajuntar com os três piás

Ainda tenho receio e é capaz

De acordo com o dito do Padre

Para mim ta de novo buchada

Desse jeito, nem santo me ajuda

Outra vida traz alegria é verdade

Porém a falta de pila é maldade!

 

Fiz um chasque ao Presidente

Bah! Tchê!, Eu mal sei escrever

E queria muito compreender

Esse Programa de Crescimento

Será que eu sou um jumento;

Ou o único qüéra descontente?

Fico acabrunhado ao perguntar

Por que só a cidade tem lugar?

Ainda há muita coisa pendente

Esqueceram de novo da gente?

 

Não queremos nada de graça

Só o que pedimos meu Patrão

É que acabe com essa exclusão

Olhe para o Gaúcho no campo

Capataz; uma coisa eu garanto

Não vamos beber a tua cachaça

Tiramos da terra nosso sustento

Embora com todo contratempo

Honramos a digna bombacha

Seja na chuva ou sol que racha!

 

Qualquer indústria mercantil

Confies; tem espaço no pampa

Saiba; o progresso aqui se alavanca

Sem precisar de muita gramática

As famílias não são emblemáticas

Trabalhadores sem serem servil

Cidadãos herdeiros de Farrapos

Defensores dos humildes e fracos

Sinuelos da evolução agro-pastoril

Nos pampas e em todo o Brasil!

 

“A indústria que enriquece os homens; é a mesma que extinguirá o futuro”

 

-Paulo Bambil-

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Poetizando Gauchismos

ÍNDIO DA TERRA GAÚCHA

 

Paulo Moacir Ferreira Bambil

Índio parido da pampa

Às margens do Uruguai

Ficou logo sem mãe e pai,

Mas isso não prescindia…

Pois era a luz do dia,

Que a natureza acalanta

Protegendo do perigo.

 

Não conhecia inimigo.

Tigre que não se espanta!

 

Adotado por padre Jesuíta;

De idade desconhecida;

Preparado assim para a vida,

Lá em São Miguel Arcanjo.

Cresceu e virou marmanjo;

Numa bondade infinita.

Qüera taura e valente.

Exemplo aos descendentes

E todos que na terra habita!

 

Nomeado corregedor;

Do povo de São Miguel,

Fundando lá o seu quartel;

O supremo comandante.

Deixou a redução confiante,

Esse inteligente provedor,

Com grandes objetivos.

Tinha apreço aos nativos

E não gostava de invasor!

 

Aprendeu todos os enredos,

Na condução do povoado.

Foi pelos padres educado,

E em defesa da mãe terra,

Sempre pronto para a guerra.

Estrategista e sem medos,

Na formação dos soldados.

Lanceiros bem adestrados;

Depositários dos segredos!

 

Centauro em cima do flete;

Guardião da terra gaúcha;

Telurismo que lhe puxa,

Vigiando os Sete Povos;

Ensinando aos mais novos,

Como se compromete,

Para preservar a natureza,

Conservar dela a pureza.

Parte que nos compete!

Porém os dois reinados;

De Portugal e Espanha,

Do solo fizeram barganha.

E toda pampa missioneira,

Do litoral até a fronteira.

Vazia sem os povoados.

Trocada sem consentimento,

Pela Colônia de Sacramento.

Deixou o guerreiro revoltado!

 

Foi então que o índio Sepé,

Cria de São Luiz Gonzaga.

Convocou toda a indiada,

Pra defender o torrão;

Pois era parte desse chão.

E na batalha de Caiboaté,

Com denodo e galhardia;

Terçou ferro nesse dia;

Tombou! A alma ficou em pé!

 

Lavou a terra com sangue…

Abraçando-a devagarzinho.

Beijou ela com carinho.

Não ganhou esse troféu;

Mas bombeia ela, lá do céu.

É o dono do Rio Grande.

E desde pequeno curumim,

Já galopava do Chuí ao Erexim.

Deixe que o minuano te comande!

 

Hoje vejo índios sem terra,

Perdidos nas periferias,

Com a incerteza dos dias,

Passando necessidades,

Alienados das sociedades,

Sem os rios matas e serra.

Todos foram derrotados,

Mesmo sem ter peleiado.

“Nessa ímpia e injusta guerra”!

 

Cacique gaúcho; Rei sem trono;

Não percas nunca a tua fé,

Siga o catecismo de São Sepé.

Alce perna em teus cavalos;

Mostre a lança aos vassalos.

Gerações estão no abandono.

Tua arma? –É o teu idealismo.

Grite! Alto e sem cinismo!

“Esta Terra, ainda tem dono”!

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