O sonho descrito neste arauto.
Traz o pedigree de Tupaciretã,
E da família de origem Alemã.
São Pedro – Embalou o “Guri”,
Que nasceu à margem do Toropi.
Cantiga de ninar era o minuano…
Assim passaram-se alguns anos;
Veio o trocadilho de sobressalto;
De lá – Prosperou neste Planalto!
Gaudério e do queixo roxo,
Nunca se achicou pro destino
Convivendo com outros primos,
Que ganharam novos nortes,
Não tiveram a mesma sorte;
Deste piazinho porqueira;
Que já nasceu com estrela…
Refletida no abismo do poço.
O luminar desta é o endosso!
São Pedro do Sul é longe de Iraí
Como era difícil mudar a cidade,
Naquela época. – Em verdade.
Inda mais quando se descobre,
Que vivemos em família pobre.
Temos a plena consciência;
Da luta pela sobrevivência.
E as coisas não param por aí.
Porém, é tarde para desistir!
Güéra destemido e peleador.
Aprendeu a lutar de facão,
Sem perder peleia pra peão,
Manuseava também a espada
Mui respeitado pela gurizada.
Conhecido pelas redondezas,
Por sua agilidade e destreza.
Se garantia num destorcedor,
Ginete pacholento e sonhador!
E por falar nas gineteadas
Cabe aqui, um parêntese,
Em piá já mirava o oriente;
Embora birrento, casmurro,
Trocou a égua, por um burro,
Bem vistoso, porém, redomão.
O sarapico amansou o burrão.
As paletas; do asno; furadas,
Da espora com roseta travada!
Oigale-tê piá, bom de briga.
E foi em uma dessas peleias…
A coisa encrespou, ficou feia;
E diante de tamanho tumulto,
Não se achicou; aos insultos.
Deixou a cara do outro em fatia,
Tendo que se mandar a La cria;
Abandonou tudo. A mãe e o pai.
Serpeando a nado o rio Uruguai!
A procura de Palmitos, Caibi, Iporã,
Encontrou Descanso; e Guaraciaba;
São Miguel do Oeste ficou na estrada,
Em São José do Cedro, o céu ta azul,
Palma Sola, e a oeste Guarujá do Sul,
Nessa peregrinação fugidia matreira
Acrescento ainda Dionísio Cerqueira,
E se; a minha memória não me trai…
Trouxe alguns chibos do Paraguai!
Cresceu é natural… Virou homem.
Chegada à hora de sentar praça;
Brasileiro não pode negar a raça.
A luminescência da estrela inicia,
Ostentar a verde-oliva era loteria.
E daqueles conscritos designados,
Só dois deles, seriam aproveitados.
No sorteamento, ainda faltava um,
E a escolha foi: – Adão Ernani Kuhn!
Assentado no quartel em Santo Ângelo,
Na Companhia Média de Manutenção,
Ponto zero da ascendência do Alemão.
Inscrito no curso de cabo mecânico;
Adoeceu e faltoso; ficou em pânico.
E no hospital em que era paciente,
Foi convidado para o contingente.
Assim daquele curso foi desligado;
Transferido e no Hospital instalado!
Ali podia estudar e seguir carreira…
Esquecendo a lenha e a serra fita;
Ser sargento; é sonho que acredita.
Concluiu o curso que pretendia;
Porém, vaga que é bom não havia.
Exímio datilógrafo, sem exagero;
Cambiou-se para o Rio de Janeiro.
Sem dinheiro, vivendo apertado…
Pilas? Só da graduação de Soldado!
Esta viagem; foi uma eternidade.
Agrura que se somou com outras;
Aonde comer, e; trocar de roupa,
Ao lado do forno do Maria-Fumaça?
As fagulhas completam a desgraça.
A farda em três dias ficou furada,
E não tinha outra, pra ser trocada.
Percorreu essas léguas num trem;
Chega ao Rio, com poucos Vinténs!
Deus, quando escolhe alguém,
Cumpre o propósito, e; é Fiel.
Ao chegar lá no novo Quartel,
Além de esforçado; é sortudo,
Sem nunca parar os estudos;
Vaticinando num dia profético,
Disse: Um dia eu serei médico.
O vestibulando, cumpre a sina,
Passa com louvor; em medicina!
Tchê! Esta nova etapa foi dura.
Agora nesta vivência moderna;
Entre a faculdade e a caserna,
Estudar, trabalhar e dar serviço,
E; sem abandonar os cambichos.
Conduziu muito bem estes luxos.
Consolidando a fama do “Gaúcho”.
Pinguanchas? Quase uma por mês;
Até que levou um pealo da “Inez”!
O segundo sargento vira médico.
Não queria deixar de ser milico.
Sonhava grande, não era Chico.
Para o Rio Grande queria voltar;
Agora um oficial, médico-militar.
Sustentando ousadias de ginete;
Foi ser tenente, lá no Alegrete.
De inhapa a Prendinha do Pealo;
Foi ajoujada à vida do vassalo!
Ernani e Inez; resumos de história.
Que orgulha a qualquer família;
Cidadãos honoríficos em Brasília.
Fiz nos versos um pequeno cenário,
Para te desejar “Feliz Aniversário”.
Teus amigos obtiveram privilégios,
Que não se conquista em colégios.
Tu sim; és “GAÚCHO” literalmente.
Obrigado por ti estar junto à gente!