Poesia para um amigo gaúcho

 

Poesia: Não é Sonho, existe a Estrela Kuhn

Autoria: Paulo Moacir Ferreira Bambil

 

O sonho descrito neste arauto.

Traz o pedigree de Tupaciretã,

E da família de origem Alemã.

São Pedro – Embalou o “Guri”,

Que nasceu à margem do Toropi.

Cantiga de ninar era o minuano…

Assim passaram-se alguns anos;

Veio o trocadilho de sobressalto;

De lá – Prosperou neste Planalto!

 

Gaudério e do queixo roxo,

Nunca se achicou pro destino

Convivendo com outros primos,

Que ganharam novos nortes,

Não tiveram a mesma sorte;

Deste piazinho porqueira;

Que já nasceu com estrela…

Refletida no abismo do poço.

O luminar desta é o endosso!

 

São Pedro do Sul é longe de Iraí

Como era difícil mudar a cidade,

Naquela época. – Em verdade.

Inda mais quando se descobre,

Que vivemos em família pobre.

Temos a plena consciência;

Da luta pela sobrevivência.

E as coisas não param por aí.

Porém, é tarde para desistir!

 

Güéra destemido e peleador.

Aprendeu a lutar de facão,

Sem perder peleia pra peão,

Manuseava também a espada

Mui respeitado pela gurizada.

Conhecido pelas redondezas,

Por sua agilidade e destreza.

Se garantia num destorcedor,

Ginete pacholento e sonhador!

 

E por falar nas gineteadas

Cabe aqui, um parêntese,

Em piá já mirava o oriente;

Embora birrento, casmurro,

Trocou a égua, por um burro,

Bem vistoso, porém, redomão.

O sarapico amansou o burrão.

As paletas; do asno; furadas,

Da espora com roseta travada!

 

Oigale-tê piá, bom de briga.

E foi em uma dessas peleias…

A coisa encrespou, ficou feia;

E diante de tamanho tumulto,

Não se achicou; aos insultos.

Deixou a cara do outro em fatia,

Tendo que se mandar a La cria;

Abandonou tudo. A mãe e o pai.

Serpeando a nado o rio Uruguai!

 

A procura de Palmitos, Caibi, Iporã,

Encontrou Descanso; e Guaraciaba;

São Miguel do Oeste ficou na estrada,

Em São José do Cedro, o céu ta azul,

Palma Sola, e a oeste Guarujá do Sul,

Nessa peregrinação fugidia matreira

Acrescento ainda Dionísio Cerqueira,

E se; a minha memória não me trai…

Trouxe alguns chibos do Paraguai!

 

Cresceu é natural… Virou homem.

Chegada à hora de sentar praça;

Brasileiro não pode negar a raça.

A luminescência da estrela inicia,

Ostentar a verde-oliva era loteria.

E daqueles conscritos designados,

Só dois deles, seriam aproveitados.

No sorteamento, ainda faltava um,

E a escolha foi: – Adão Ernani Kuhn!

 

Assentado no quartel em Santo Ângelo,

Na Companhia Média de Manutenção,

Ponto zero da ascendência do Alemão.

Inscrito no curso de cabo mecânico;

Adoeceu e faltoso; ficou em pânico.

E no hospital em que era paciente,

Foi convidado para o contingente.

Assim daquele curso foi desligado;

Transferido e no Hospital instalado!

 

Ali podia estudar e seguir carreira…

Esquecendo a lenha e a serra fita;

Ser sargento; é sonho que acredita.

Concluiu o curso que pretendia;

Porém, vaga que é bom não havia.

Exímio datilógrafo, sem exagero;

Cambiou-se para o Rio de Janeiro.

Sem dinheiro, vivendo apertado…

Pilas? Só da graduação de Soldado!

 

Esta viagem; foi uma eternidade.

Agrura que se somou com outras;

Aonde comer, e; trocar de roupa,

Ao lado do forno do Maria-Fumaça?

As fagulhas completam a desgraça.

A farda em três dias ficou furada,

E não tinha outra, pra ser trocada.

Percorreu essas léguas num trem;

Chega ao Rio, com poucos Vinténs!

 

Deus, quando escolhe alguém,

Cumpre o propósito, e; é Fiel.

Ao chegar lá no novo Quartel,

Além de esforçado; é sortudo,

Sem nunca parar os estudos;

Vaticinando num dia profético,

Disse: Um dia eu serei médico.

O vestibulando, cumpre a sina,

Passa com louvor; em medicina!

 

Tchê! Esta nova etapa foi dura.

Agora nesta vivência moderna;

Entre a faculdade e a caserna,

Estudar, trabalhar e dar serviço,

E; sem abandonar os cambichos.

Conduziu muito bem estes luxos.

Consolidando a fama do “Gaúcho”.

Pinguanchas? Quase uma por mês;

Até que levou um pealo da “Inez”!

 

O segundo sargento vira médico.

Não queria deixar de ser milico.

Sonhava grande, não era Chico.

Para o Rio Grande queria voltar;

Agora um oficial, médico-militar.

Sustentando ousadias de ginete;

Foi ser tenente, lá no Alegrete.

De inhapa a Prendinha do Pealo;

Foi ajoujada à vida do vassalo!

 

Ernani e Inez; resumos de história.

Que orgulha a qualquer família;

Cidadãos honoríficos em Brasília.

Fiz nos versos um pequeno cenário,

Para te desejar “Feliz Aniversário”.

Teus amigos obtiveram privilégios,

Que não se conquista em colégios.

Tu sim; és “GAÚCHO” literalmente.

Obrigado por ti estar junto à gente!


 

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